26 de dez. de 2008

A felicidade de não ser uma pessoa feliz

Estou tão alegre, mas não sou feliz. Estou tão triste, mas não sou infeliz. Acho que não poderei atribuir rótulos ao que sinto em quanto não sinto nada. Será que um dia serei castigada por isso?

"E tu serás feliz!"
Será?
E essa tal felicidade, existe?
As pessoas, voluntariamente ou não, sempre atribuem felicidade, ou a expectativa de tal coisa ao futuro. Assim sendo, nós sempre queremos ser felizes, nós nunca somos felizes, e na minha mais intima opinião nunca seremos verdadeiramente.
Se a felicidade faz parte do amanhã, logo, ela não existe, uma vez que o amanhã também não existe. De uma forma não muito concreta e sem argumentos que convençam, já que a expectativa jamais seria convencer alguém de algo, aparentemente tão absurdo, mas pense bem caro leitor, você acha que um dia será feliz?
Você acredita que tal fenômeno realmente existe?
Confundimos até mesmo a alegria com a felicidade, confundimos tristeza com infelicidade, e mais o mais comum das confusões, é quando se confunde a não-felicidade com infelicidade. Pois veja, uso como exemplo eu mesma. Não sou feliz, mas também não sou infeliz.
Eu apenas sou uma "não-feliz". As pessoas que são felizes são aquelas em que a humanidade nunca ouvirá falar, pelo menos não por esta razão. Ninguém está interessado em conhecer ou se interessar por aquele que é feliz, e por quê? Porque esta pessoa não tem razão para isso. Ela vive e é feliz. Ela não contempla a melancolia, ela não chora e eterniza suas amarguras, seus pecados. Ela experimenta de tudo que a vida possa lhe dar e está satisfeita. Ela não sorri o tempo todo, de certo que não, mas sente a tristeza passageira da vida, da alma humana, o que como o próprio feliz, é muito normal.
Já a pessoa que é infeliz ela sim, é eternizada pela sua in felicidade. Geralmente é alguém que possui um imenso talento e acaba transformando sua infelicidade em arte, por mais dor que isso lhe custe. Acredito-me que ai esteja à justa posição das coisas. O infeliz vive e morre de tristeza, de angústia, de amores perdidos, de algo que nunca se conhece, nasce e padece num mal que ninguém poderá denominar ou encontrar a cura. Talvez seja o famoso "mal dos gênios". São aqueles que nascem inconformados com a sua existência, e morrem sem saber o porquê temos que vir a mundo tão patético e ainda assim, sem a nossa vontade ou permissão partimos dele. Tanto os "felizes" como os "infelizes" tem traços e características mais profundas do que me atrevo a escrever nessas humildes frases, mas que já me custaram horas de consideração.
Agora, só me resta falar dos não-felizes, ou não-infelizes, o que dá no mesmo. (eu).
Não sou feliz e nunca vou ser isso é certo, até mesmo porque não acredito na felicidade. Mas considerando que algumas pessoas invoquem um padrão de comportamento que costumam rotular de tal nome, eu poderia considerar-me uma não feliz e não infeliz. Uma vez que não sou tão conformada e bem resolvida que não perca horas valiosas da minha inútil existência exatamente não pensando em porque cargas d - água eu tive que nascer sem pedir e terei que morrer sem querer, e isso é uma das mais óbvias indagações. Enfim, mas também não sou tão infeliz que pudesse transformar meus sentimentos avessos em obras primas, relíquias... etc... Morrer, querer morrer, e por ai vai, deixando o meu nome para ser lembrado por toda a eternidade, e até que isso não seria nada mal, uma vez que o que o homem mais quer nesta vida é ser reconhecido. No meio de tanta divagação óbvia-maniaca-depressiva, acabei perdendo o ponto de partida, como em tudo que faço na vida.


♪ I'm so happy 'cause today I've found my friends ... They're in my head I'm so ugly, but that's okay, 'cause so are you ...

4 de dez. de 2008

O amor; Ato de fé.

Estava pensando em uma redenção, uma dessas como um ato de fé, talvez porque eu não conheça nenhum ato de fé maior que o amor. Amar não é aquilo que estamos acostumados a ouvir por ai, como uma demonstração pura, um sentimento incontrolável, tão pouco é uma palavra, somente.
Se as pessoas sentissem seu verdadeiro significado, talvez, para muitas, a vida já não valeria a pena. Mas para outras, como eu, veriam que amar nada mais é que um ato de fé.
Não se sabe que não se ganha nada afinal, não se contempla a perda. Apenas se vai ao seu encontro, acredita apenas que precisa amar para se sentir plenamente satisfeito. E como quem se encontra vendados os olhos, acreditamos nessa força para nos guiar, livremente, apaixonadamente, enganando-nos até as últimas forças.
Não podemos julgar que teremos as mesmas vitórias ou derrotas que outros aventureiros nessa entrega onde pouco contam as probabilidades. O que na verdade nos pouparia todo o peso. Seria o caso de racionalizar nossa existência, assim como nossos sentimentos. Mas, acredite, não valeria a pena.
Na verdade, a única essência que podemos buscar que podemos alcançar na vida, é a concretização desse momento, em que acreditamos nele, e como se nada pudesse acontecer, sentimo-nos atraídos, levados... Alma e corpo somam um ato de fé.

24 de nov. de 2008

Os Românticos

Esquecemos de ser românticos?
Há algum tempo atrás todos queríamos amor, queríamos amar, o que hoje em dia parece meio perturbador para as pessoas. Elas ainda continuam querendo sentir seu corpo "arder", mas de paixão, e sim, apenas.
Bom, eu não sei ao certo o que é ser romântico.
Mostrar que escrevia poemas, poesias, recitá-las, ... Gostava de escrever! Muito cafona...
Hoje eu vejo tudo romantizado', talvez por querer ver assim, e não ligar para o que vão achar disso, talvez por encontrar ainda pessoas que viajam nessa comigo, eu não sei.
Pessoas assim pensam o tempo inteiro no amor, no sentido da vida, em Deus, em tudo aquilo que lhes acentuam o espírito. Mas na verdade nunca experimentaram do fruto da sua imaginação. Tudo se concentra ali, no lugar onde ninguém pode invadir ninguém pode adentrar, onde fica tudo extasiado.
As flores já não são simples flores, mas protagonistas de contos e encontros.
Nada na verdade é como apresenta sua natureza, tudo ganha algo novo, sob um olhar, uma expectativa diferente.
A vida passa, acaba, e ali debruçados sobre aqueles mesmos versos repousam novos amantes, namorados, e tudo se renova, até o amor, que todos pensaram ser único e indivisível, se mostra em um todo, um caminho universal, alicerce de toda relação humana, que luta e se lança, para tentar encontrar um pouquinho de sua chama.
Eu não sou romântica.

"Do amor é sempre assim a transgressão. As dores próprias pesam-me no peito; mas agora redobras-lhes o efeito com mostrares as tuas; o tormento que revelaste, ao meu deu mais alento. O amor é dos suspiros a fumaça; puro, é fogo que os olhos ameaçam; revolto um mar de lágrimas de amantes... Que mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada."

14 de nov. de 2008

A verdade pode machucar

O que eu me pergunto é por que as pessoas mentem. Às vezes sem terem motivo algum pra isso. Pergunto-me porque eu minto. Pergunto-me se o fato de eu abominar mentiras está diretamente relacionado ao fato de estar presa nelas.
Algumas pessoas amam mentiras. A preferem sempre, em qualquer circunstancia. Seja pra responder se viu alguém, se foi dormir, se já foi a algum lugar. Têm pessoas que mentem naturalmente, até pra si, mentem mentiras banais, desnecessárias.
Outras mentem quando não há saída, aparentemente, não há escapatória, só resta-lhes mentir. Seja em assuntos graves, que não devem ou podem ser revelados. Seja pra agradar ou deixar de ferir alguém.
Mas mesmo assim estamos sempre defendendo a senhora verdade. Que é melhor uma verdade dura que uma mentira bonita. Será? Será mesmo que uma verdade atroz é melhor que uma doce mentira?
Será que viver no mundo duro e cruel, onde doa a quem doer o que prevalece é a verdade, a moral, a justiça. Logo, aqueles que mentem merecem o peso inevitável de suas conseqüências.
Chegando a beira da loucura, eu percebi de onde vinha todo o meu pavor da mentira. Toda a minha obsessão de achar que todos mentem todo o tempo. E a resposta é bem simples. Acontece que eu minto todo o tempo.
Chego a me sentir uma impostora. Falsa, ardilosa, tramo a toda circunstancia e me previno para que ninguém se atente á origem da minha angustia.
Devo confessar que minhas mentiras, quase todas, se constroem e se fortalecem subjetivamente. Nos meus sonhos, os que eu sonho acordada. E muita das vezes a mentira é tão bonita que eu acabo acreditando.
Tendo consciência do meu estado sensível, delicado, envolto em um mundo tão melhor, maior, mais bonito, mais intenso, sensual, até mais verdadeiro que o real, o da “verdade”. Começo a desconfiar da premissa de que a verdade é melhor que a mentira, mesmo que uma seja cruel em face de outra que seja acolhedora.
Se alguém que tenha pouco tempo de vida, ou vá passar por um momento duro, quase impossível de conquistar uma vitória, será que seria mesmo válido lhe mostrar todas as suas reais possibilidades de vencer sua luta? Seria melhor mostrar-lhe que as chances de cura, melhoras, conquistas, o que for, são nulas e que só resta-lhe esperar pelo que virá?
Seria o mesmo que dizer que os sonhos não valem à pena, e que são artifícios de engano, equívoco. Falácia igual também seria dizer que os sonhos não são de mentira, que não são aquela mentira boa, doce, a qual sempre preferimos ao invés daquela verdade amarga?

7 de nov. de 2008


"... Aqui no Brasil, nós somos alegres mas nós não somos felizes. Existe toda uma melancolia e uma saudade que a gente herdou dos portugueses e que a gente ainda nem começou a resolver. A gente não sabe o que é esse nosso país. (...)"



Sociologicamente pode ser por ai mesmo. Claro que sem contar os aspectos sociais problemáticos como pobreza, preconceitos, e tudo isso que todo mundo vê e finge que não vê. E os que não fingem que não vêem, falam sobre, apenas. Estava lendo uns e-mails e cartas mandadas para uma amiga há um tempo, mas que eu também ainda tenho comigo. Não havia uma em que eu não estivesse me lamentando por algo, ora perdido, ora nunca presente. Não sei se acontece com todos, mas há uma nostalgia, uma saudade, uma dó, um nó, na verdade, um "quê" que eu não sei explicar o que é, só sei que o sinto. Ontem, durante a tempestade que se formava, fiquei alguns instantes de pé na porta, olhando para o céu, sentindo o vento forte, olhando também para a amendoeira que se balançava freneticamente, embalada pelo som das outras árvores, que assim como ela dançavam com o vento. Um espetáculo sem igual. E eu fiquei me lembrando quantas e quantas vezes, quando ainda menina, eu olhava e contemplava aquele mesmo espetáculo. Olhava quase que com o coração. E der repente eu podia ver muito mais do que eu via em todos os dias da minha vida. Dias corridos, vividos meio que sem querer. Meio que sem querer saber que estavam sendo vividos e que acabariam logo. Assim como aquela chuva que chegaria a minutos, nos forçando a fechar as janelas da casa para evitar que as folhas continuassem a cair no chão e nos móveis. Assim como aquela chuva forte, presente ali quase que por um milagre. Eu parei, antes que ela pudesse me alcançar e pensei comigo mesma, que chegaria uma hora em que eu não a sentiria mais. Não ouviria mais o som do vento que ela trouxe com ela, não sentiria mais aquele frio gostoso, quase convidativo a dançar. Eu pensei que nessa hora não haveria mais dor, de fato. Mas também não haveria mais calor. E apesar de toda degradação que sofreria meu corpo, o meu pensamento há muito já haveria perecido. E eu não viria mais o olhar da minha avó, nem as broncas da minha mãe. Jamais deitaria novamente a cabeça no travesseiro e choraria pelo dia que não me veio.


[continua mais tarde]
...e encaixavam-se ambas como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.

5 de nov. de 2008

O tamanho do vilão determina o tamanho do herói

"Sem Golias, Davi seria apenas um jovem comum"


As vezes nos desesperamos quando estamos frente a uma batalha. Paramos para refletir e quase sempre chegamos à conclusão que não teríamos a menor chance de vencê-la. Afinal seu tamanho soma-se mil vezes ao nosso. Nossa mente se cansa, nosso coração não reage, o fôlego falta, o corpo cansa. Mas não é verdade que Deus não dá cargas maiores do que podemos carregar? De fato, quem seria o herói se não houvesse o vilão? E qual grande feito teria esse herói se o vilão não fosse um desafio? Que graça teria a vitória se a guerra fosse banal?
Davi foi e é reconhecido até hoje como o grande herói que venceu o gigante Golias. De fato ele deve ter se ressentido, afinal poderia ter sido esmagado! E o que tornou Davi um verdadeiro herói? Teoricamente ele tinha tudo contra, tudo em seu desfavor e prova disso era só compará-lo com Golias. Provavelmente se fosse-mos compará-los em termos de força física, e ainda essa seria baseada em estereótipos, pois, podemos avaliar a força de uma pessoa pelo seu tamanho? Talvez sim, e em muitos casos de fato, pessoas maiores e mais fortes, têm grande vantagem frente a seus opositores, mas qual foi o diferencial de Davi? O que o fez romper os estereótipos e vencer aquele que a principio o aniquilaria?
Acredito eu que o que fez de Davi foi o que falta a muitos hoje em dia, a começar claro por mim. Fé, determinação, coragem, força de vontade... muitos são os nomes que podem dar, mas dá tudo no mesmo. Davi não se deixou abalar pela "desvantagem" que tinha de Golias, nem se deixou abater pelo medo. Não importava o que acontecesse, desde o momento em que decidiu lutar, havia nascido ali, a alma nobre de um herói. Hoje temos muitas dificuldades, e quantas vezes muitas delas não parecem ter o dobro do tamanho de Golias? Então logo vem o medo, o maior inimigo dos mortais, pois ele faz com que as pessoas fracassem sem nunca terem tentado. O medo tira qualquer chance, qualquer esperança que se possa ter de vencer uma batalha. E quando nos avaliamos, juntamos o medo, a incerteza, a covardia decidir o vencedor. Muitas das vezes, infelizmente acabamos derrotados, entregues, esmagados em uma batalha que, às vezes para ser ganha bastava uma palavra. Batalhas pessoais, batalhas espirituais, batalhas profissionais, muitas são elas, mas poucos são os heróis. Você sabe qual a sua batalha?
E nessa batalha você tem sido o herói ou têm se abatido pelo tamanho do vilão?